Sócios

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Segredo meu

Eu tenho um segredo
quem nunca teve?
que é só meu,
não posso contar
se contar meu segredo
nosso passa a ser

não devia contar
mas não consigo guardar
estou apaixonado
como já fui um dia
isso me deixa com grande alegria
não pergunte por quem, que já é demais

segredo é segredo, segredos de amor
não quero, não posso, não devo contar
já dizia Casemiro,
o poeta do amor
que nesse assunto
já sou quase doutor.

Gullartins - 20/09/10

Morena magra

Morena magra, que me olha de canto
faz charme, que beleza de encanto
passa sorrindo e remexendo
com seu cabelo molhado, secando no vento

Morena magra, cabelo caracol
sempre enfeitada, bronzeada do sol
e no meu violão, faço essa canção
com a batida do samba e os acordes dó e sol

Morena magra, segue o gingado
sempre arrasando, com seu rebolado
e para tudo quando ela passa
no meio da rua, na esquina, na praça

Morena magra, magra morena
linda pequena, morena pequena
magra morena, morena magra
ainda pequena, pequena morena

Morena magra, que me olha de canto
cabelo caracol, bronzeada do sol
segue o gingado, com seu rebolado
morena magra, magra morena

Gullartins - 20/09/10

Kleber J. G. Martins

Amante da vida
da literatura e poesia
sonhador da noite
pecador do dia

Pseudônimo - Gullartins

O cheiro da chuva...

quando sinto, logo me recordo,
de quando menino, criança, piá, guri
que parecendo um gari,
molhado na rua, pés no chão
brincava com os amigos

Ah! tempo bom, que como gosto de bombom,
não posso esquecer e mesmo depois
de crescer, o coração bate feito tamborim
fazendo um som sem fim, meio sem jeito
dentro do meu peito

Ah! o cheiro da chuva,
terra molhada, vida que cai do céu,
parecendo com um véu
de linho nobre que a terra cobre,
e como alimento, serve de condimento

Ah! se eu fosse cego e surdo
saberia da chuva que cai
pelo cheiro que vai
no caminho do vento e me fazendo
até sentir o gosto da terra

Ah! cheiro bom, cheiro de vida,
que fecha a ferida, da seca no chão
Ah! que cheiro bom,
de terra molhada, que fica marcada
pelo cheiro da chuva.

Gullartins - 20/09/10

domingo, 12 de setembro de 2010

Posso eu ficar?


Posso eu ficar no escuro?
Sem nada ver? Sem saber
O que se passa? Nem ver
A luz no buraco, no furo?

Posso eu ficar preso?
Sem nada sentir? Sem tocar
A minha volta? Nem pegar
E saber o tamanho, o peso?

Posso eu ficar sem respirar?
Sem nada cheirar? Sem aspirar
A sensação? Nem suspirar
E saber o odor do amar?

Posso eu ficar sem escutar?
Sem nada ouvir? Nem o pisar
Dos teus pés? Do teu calcanhar
E saber quando você chegar?

Posso eu ficar sem degustar?
Sem nada sentir? O paladar
O doce amargo azedar
Da tua língua, teus lábios, beijar?

Kleber J. G. Martins 11/09/2010

Por quê?


Eu quero questionar
Quero respostas
Não quero responder
Só quero saber.

Por quê? Eu pergunto
Por que o quê?
Não se responde pergunta
Com pergunta.

Por quê? Separado
Com acento circunflexo
E ponto de interrogação
Pra fazer indagação.

Por quê? Menino
De cinco anos, cheio de dúvidas
Difíceis de responder
Pareço eu ser.

Por quê? Responde pra mim
Tem que ser assim
Tão ruim, desejar
E não ganhar.


Kleber J. G. Martins 11/09/2010

Pescador


Estava lá, entre as margens, cheias de árvores, extenso, largo, belo, as águas calmas, mas não paradas, seguiam o curso, ora parecia que desciam, ora subiam, não sei dizer bem para qual lado iam. Nas margens, pássaros, bichos e muito verde, mata fechada, um pouco acima bem ao centro das margens, um homem pescava, não podia ver seu rosto, seu chapéu o cobria, só podia mesmo é ver a fumaça do palheiro aceso, ele estava ali desde cedo, parecia rotineiro na vida dele, ir à busca de seu alimento, as suas armas, um caniço, linha, anzol e isca, não sei bem que tipo, mas imagino que eram minhocas. Ele jogava o anzol e segurava pacientemente o caniço, sem se mover, sem fazer barulho, na tentativa de pega-lo com uma fisgada no momento de uma beliscada na isca. De repente, ele puxa rápido e com força, mas vem somente a chumbada com o anzol descarregado, ele suspira, acende outro crivo, e tudo com muita paciência, recarrega o anzol com mais um petisco, lançando novamente nas águas. Fica ali por mais um tempo, sem se mover, de repente, ele puxa novamente e dessa vez, não deu chance ao bicho, que ao chegar no barco, sem forças, se entrega, cansado de lutar para escapar, pelo que vejo é grande, cerca de meio metro, o suficiente para a refeição. Ele recolhe seus apetrechos, pega o remo, e com muita calma segue em direção a margem oposta a minha. Ele não imagina que eu o observava, ou sabia, não sei. Talvez sim e fez de conta que não me viu. Agia naturalmente. Atracou seu barquinho, amarrou a corda, pegou tudo, inclusive o peixe, que ainda se debatia de vez em quando e entrou mata adentro, fazendo com que eu o perdesse de vista.

Kleber J. G. Martins 29/08/2010

Aconteceu!


O que aconteceu é que...
Foi mais uma separação ou uma quebra de contrato na vida
O que acontece é que...
Agora é cada um por si, só novamente
O que acontecerá é que...
Provavelmente, mais cedo ou mais tarde, encontre outra pessoa melhor
O que poderia ter acontecido é que...
Se eles ficassem juntos mesmo assim, sem amor,
A coisa poderia ser pior depois, haveria dor,
E certamente um dos dois sairia com a cabeça
Mais pesada nessa história
O que não aconteceu!
Aconteceu.

Kleber J. G. Martins 28/08/2010

Abriu a porta lentamente e...


Apenas um feixe de luz invadia e clareava o quarto
Tudo escuro, muito escuro.
Aquele breu tomava conta de todo o resto do ambiente
O silencio reinava, a temperatura agradava
Poucos móveis, a cama e o roupeiro
Nada de luxo, mais ou menos organizado
Ali eu pensava, refletia, dormia e descansava
Ele já viu amor, dor, alegria e tristeza
Sorrisos, gemidos, Ansiedade e angustia
Quarto, cela, feito pra cumprir a pena
Em uma liberdade condicional
...Fechou a porta lentamente

Kleber J. G. Martins 28/08/2010

Precoce


Na escolinha onde passa os dias da semana, Jairo Luis Silva da Silva mais conhecido como Jairinho, o filho mais novo, o caçula, o precoce da familia Silva da Silva.
Por alguma razão, que não se sabe qual, a professora resolveu perguntar:
– o que você vai ser quando crescer Jairinho?
– político! Responde o menino.
– Político! Pergunta a professora espantada. Tem certeza? Não quer ser policial, bombeiro ou jogador de futebol? Completa ela.
– não! Prefiro ser político! É uma profissão muito bonita, professora!
– entendi. Você quer é ajudar as pessoas, fazer coisas boas, melhorar a saúde, a educação...
– não! Não é nada disso. Quero melhorar a minha vida, a minha saúde e a minha educação... ter bastante dinheiro, trabalhar pouco, me aposentar cedo, andar com o carro do governo, gastar o dinheiro do povo, dar emprego para todos da minha familia... falou o menino sem se quer respirar.
– Meu Deus! Você só tem cinco anos Jairinho. Disse a professora. Onde aprendeu essas coisas?
– vi na televisão, no Jornal Nacional e no horário político obrigatório professora.
– Jairinho você vai levar um bilhete ao seu pai, preciso falar com ele. Urgente!
– tudo bem professora, mas eu fiz alguma coisa errada?
– não meu querido, você não tem culpa! Só entregue o bilhete.

Kleber J. G. Martins 22/08/2010